Minhas impressões do XI Fórum Goiano de Software Livre

O evento

Criado em 2003, o Fórum Goiano de Software Livre (FGSL) tem o objetivo de discutir o uso, a produção e a difusão de software livre, baseando-se na máxima de que ele é socialmente justo, economicamente viável e tecnologicamente sustentável. A sua décima primeira edição ocorreu nos dias 21 e 22 de Novembro de 2014.

Tive conhecimento do FGSL em 2008, quando ajudaram na organização do primeiro evento de software livre que fui, o Encontro Mineiro de Software Livre;  e foi interessante ver que a comunidade entorno do evento foi oxigenada desde aquela época, envolvendo novas pessoas e grupos interessados neste ecossistema. Nesta edição, tive a oportunidade de ver um pouco mais além do que de costume, de estar presente para poder ajudar (ainda que timidamente) na organização e compreender melhor o trabalho incrível daqueles que se voluntariam para organizá-lo. É um trabalho desgastante, minucioso e que exige comprometimento.

 As palestras

Debate linguagens de programação no XI FGSL

Debate sobre linguagens de programação no XI FGSL. Da esquerda para a direita, com dois representantes por linguagem: C/C++, Javascript, Java, PHP, Python, Ruby.

Para aqueles que, como eu, se alimentam de palestras, o primeiro dia do evento contou apenas com um debate. Mas foi um excelente, e para mim inédito, debate! A proposta era um duelo, amistoso, entre praticantes/defensores de linguagens de programação que tivessem representantes na comunidade local. São elas: C/C++, Javascript, Java, PHP, Python e Ruby.

Certamente serei limitado e sujeito à inúmeras trolladas, mas o meu resumo do debate ficou assim:

  • C/C++ é ótimo para entender como programação e computação funcionam. Caso você queira se tornar um Spock e construir a Enterprise sozinho, domine o C. Ou melhor, como bem disse Maddog, deixe o C dominar você, porque ninguém domina o C! :p
  • Javascript é o hype do momento. É tentadora a possibilidade de usar apenas esta linguagem para criar softwares voltados para web.
  • Java é uma boa pedida para os programadores voltados para o mercado comercial.
  • PHP é o arroz e feijão da web; todo mundo conhece, ou acha que conhece. É uma linguagem que passou por um período não tão bom, mas que tomou um excelente rumo há uns tempos.
  • Python tenta ser tudo que uma linguagem precisa ser, mas o foco é sempre no programador. É o suprassumo das linguagens de programação!
  • Ruby recebeu influências de diversas linguagens, inclusive python. Pareceu-me voltada para o mercado, assim como java. Tem boa participação na web.

As palestras e o booom do evento se deram no segundo dia. O relato a seguir é de algumas das palestras que vi.

Depois de dar um show no debate sobre linguagens, o Henrique fez uma ótima palestra com o título “Programando a própria vida”. Falou sobre o processo de tornar-se, agora, o tipo de pessoa que se quer; aceitando as intempéries e frustrações da vida mas sem perder a ambição por mudanças. Como a rede, a interação entre pessoas, é o terreno fértil para as manifestações humanas.

Palestra Henrique

O Eden mostrou recursos interessantíssimos do Emacs, que fazem dele algo bem maior do que um simples editor de texto. Vale a pena dar uma olhada mais a fundo no software.

Palestra Eden

O participa.br é uma plataforma de mídia social, apresentada pelo Ronald, voltada para comunicação entre governos, entidades e cidadãos, derivada do noosfero. Falando grosseiramente, é um facebook com esteróides sociais. Pareceu-me bastante promissora.

Participa.br

Esta palestra do Er Galvão mostrou que o PHP teve uma história turbulenta e um futuro promissor.

Palestra História do PHP

O bem-humorado João Fernando, da revista espírito livre, falou sobre como produz a revista e alguns dos diversos softwares livres existentes para editoração.

Palestra João

O final do evento contou com uma homenagem ao Marcos Siriaco, organizador da Latinoware, feita pelo Ole.

Homenagem Siríaco

O evento contou com muitos outros palestrantes, inclusive Jon Maddog Hall, ícone do software livre. Uma cópia da programação pode ser vista aqui ou aqui.

As pessoas

Sem dúvida o maior benefício de bons eventos é reunir pessoas com as quais gosto de conversar/ouvir. No FGSL pude encontrar rostos queridos que conhecia apenas na web e rever outros, além de conhecer gente nova. Fica aqui um salve para os ainda não mencionados Marcelo Akira, Fátima Conti, Valéria Barros, Christiane Borges, Márcia e Christiano Anderson.

Concluindo

Espero que este pequeno relato tenha sido útil de alguma maneira. É uma tentativa de (re?)começar a escrever neste blog e reavivar o hábito de falarmos sobre eventos de software livre.

Fica também o convite para aqueles que se interessarem em desenvolver ou apoiar um software livre voltado à organização de eventos, possivelmente fornecido como SaaS. Diversos grupos de software livre carecem de uma ferramenta assim.